Como a alta da Selic impacta os negócios?

O aumento da taxa básica de juros encarece os empréstimos, por isso é importante
administrar melhor o negócio e recorrer a produtos financeiros com menor custo

A Selic tem sido o principal recurso do Banco Central (BC) para tentar controlar a inflação.
Na reunião de junho, o Comitê de Política Monetária (Copom) elevou a taxa básica de juros
para 13,25% ao ano, o 11º aumento seguido. Com isso, o Brasil chegou ao maior patamar da
Selic desde dezembro de 2016. E a expectativa é que a taxa deverá continuar subindo.

Ao decidir pelo aumento ou queda da taxa básica de juros, sempre traçando um horizonte
de meses, o Banco Central usa um instrumento que afeta o custo do dinheiro no país.
Isso porque a Selic influencia todas as taxas de juros do país. Por exemplo, dos empréstimos,
das aplicações financeiras e dos financiamentos.

As taxas de juros são livremente acertadas entre as instituições financeiras – como bancos
e fintechs – e os clientes.  Cheques especiais e cartões de crédito têm suas taxas
estipuladas pelos bancos, não há teto ou controle do BC, apenas a obrigatoriedade de
informar ao cliente os juros que vão incidir em qualquer operação de crédito que for utilizada.

Por que os juros do cartão aumentam?
A Selic é apenas um dos componentes que determinam o valor das taxas do cartão de crédito,
financiamentos e cheque especial, por exemplo. Há outros fatores que influenciam nos
percentuais no curto prazo. São eles:

  1. Inadimplência: conforme a economia perde vigor, os dados sobre emprego não mostram reação
    e a renda encolhe, o que se vê são reflexos nos compromissos financeiros. A falta de
    dinheiro em caixa faz com que empresas e pessoas não consigam manter os compromissos
    financeiros em dia, pressionando os dados de inadimplência. Dados mais recentes, referentes
    a maio de 2022, apontam que cerca de 62 milhões de consumidores deixaram de pagar as contas,
    principalmente com bancos e com o comércio. Isso mostra que a cada dez brasileiros, quatro
    estavam inadimplentes, segundo levantamento da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas
    e do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil). Se a inadimplência aumenta, os juros
    aumentam por causa do risco de falta de pagamento.
  2. Recurso menos disponível: à medida que a massa salarial retrai e o desemprego avança,
    menor o fôlego para que as pessoas poupem. Com isso, a disponibilidade de recursos para
    os bancos também encolhe, ao mesmo tempo que a procura por crédito cresce. Com aumento
    da procura e queda da oferta, a operação fica mais cara, com juros maiores.

O que o empreendedor deve fazer?
A vida do empreendedor também precisa se adaptar aos movimentos da taxa básica de juros.
Com a Selic aumentando novamente, o empreendedor precisa ter mais cautela. Quem atua no
comércio, por exemplo, deve fazer um inventário cuidadoso do estoque para evitar ter
capital “parado” na forma de mercadorias.

As compras devem ser muito bem calculadas para que seja possível manter o fluxo de caixa
saudável, ou seja, suficiente para arcar com as despesas e reinvestir no que for necessário.
Também é importante levar em consideração os aumentos generalizados dos custos – o que
vêm pressionando a inflação – e como é possível repassá-lo para o preço final.

O empreendedor precisa levar em consideração que o fato de ter um porte menor pode
representar uma vantagem competitiva por causa da agilidade para mudar a direção do
negócio – enxugando a operação, abraçando uma nova tendência, por exemplo. Essa
flexibilidade conta a favor, principalmente quando a economia não ajuda, e pode ajudar
a aumentar as vendas.

Antecipação de recebíveis é alternativa atraente.
Se ainda assim for necessário recorrer a uma linha de crédito, é fundamental pesquisar quais
são as modalidades, prazos e taxas de juros. Obter melhores condições costuma ser mais
fácil quando já se tem uma relação com a instituição financeira.

Entre os recursos está a antecipação de recebíveis – uma maneira de o empreendedor
vender a prazo e receber à vista. Essa modalidade de concessão de crédito adianta para
a PME o dinheiro das vendas feitas no cartão de crédito ou no boleto sem ter de esperar
pelo vencimento das parcelas de pagamento combinadas com o cliente.

Com a antecipação de recebíveis o empreendedor pode ter acesso ao valor da venda de
uma nota fiscal, ou seja, do total da venda, que só receberia no futuro, evitando
contrair uma dívida. Sua aprovação é mais fácil do que o empréstimo bancário, que
depende da apresentação e análise de documentos. O custo costuma ser menor porque
conta com a garantia de entrada de dinheiro em caixa.
Fonte PEGN – Globo

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